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"Vozes e Vultos" : Será que vale a pena?

“Vozes e Vultos” (Things Heard & Seen”) é um filme que busca trazer uma mensagem, mas que peca em tantos sentidos que traz uma confusão e finalização fraca e frouxa.


O filme conta a história do casal Catherine e George Claire (interpretados por Amanda Seyfried e James Norton) que, após uma oportunidade de emprego em uma pequena cidade interiorana, os dois se mudam para uma casa que guarda segredos de um passado assombroso. Com uma assombração misteriosa que aparenta seguir Catherine, ela busca descobrir a verdade enquanto lida com seus traumas pessoais e sua relação conjugal.


A história escrita e dirigida por Robert Pulcini e Shari Springer, sendo uma adaptação do livro “All Things Cease to Appear”, de Elizabeth Brundage, a história busca moldar uma narrativa em volta do sobrenatural, mas traz o tema de violência doméstica em destaque para sua narrativa, o que é estranho de categorizar justamente pelo fato de seu trailer e sinopse apresentarem o filme como os temas: Suspense, terror sobrenatural e casa assombrada. A única coisa assombrada é o roteiro fraco, que sem lógica, é superficial e se perde em vários aspectos narrativos, tornando a história um terror de ser assistido, e não no sentido que os realizadores buscam trazer ao filme.


A começar pelos personagens, em destaque ao casal protagonista, Catherine e George, que, mesmo com boas atuações , se perdem em personalidades lineares, com apenas uma camada que, aliás, vale para todos os personagens do filme. Eles não se desenvolvem, ou mudam suas percepções, ou de algum modo evoluem nessa longa e insuportável narrativa. Personagens secundários exercem o único papel que pedem, sem ter personalidades ou objetivos a mais em sua vida. Eles estão única e exclusivamente presentes para o filme não ter apenas dois atores no elenco, até a filha do casal, que deveria ter uma maior trama, é totalmente apagada. Do começo ao fim, se certos personagens estivessem ou não presentes na narrativa, não faria nenhuma diferença, e se isso ocorre é justamente culpa de um roteiro fraco, que coloca personagens como escadas em uma jornada rasa de um casal que a todo o instante não se desenvolve.


Catherine e George (Amanda Seyfried e James Norton)

Os diálogos são repetitivos e cansativos, a todo o instante certos personagens possuem diálogos idênticos em diferentes momentos da trama, apenas para frisar algo que já era entendível ao público. Diálogos que poderiam ser trocados por apenas um objeto em cena ou ações são recorrentes, fazendo a trama dar voltas e mais voltas, sem evoluir. A história não se desenvolve, nem nos dá tempo de sentir empatia ou qualquer sentimento pelos personagens, a torcer para que algo não ocorra ou a sentir medo pelo o que estão passando. Personagens mudam de ações ou atitudes fora de cena, criando um estranhamento de como chegaram a tal ponto, sem desenvolverem e criarem coerências para tais atitudes, tornando a trajetória desses personagens absurdamente vago e mal elaborado. Uma história deve ser um fluxo, uma linha a ser traçada entre um ponto A e B. O filme a todo o instante apenas apresenta esses pontos, e esqueça do fundamental: A linha para entendermos, e assim, nos importarmos com esses personagens, cuja personalidade é tão rasa e forçada, que se torna um fardo e até mesmo dificulta a experiência de assistir ao filme.


O terror sobrenatural, se é que existe algum, surge em poucos momentos, com as clássicas luzes piscando, objetos voando ou aparelhos que não desligam mesmo quando se tira da tomada. Em um primeiro instante imaginamos que a casa se tornará o assombro dessa família, mas descobrimos que a real assombração é o relacionamento abusivo vivido pela protagonista, o que poderia ser uma ótima narrativa a ser explorada, se não fosse tão superficial. O filme parece querer assustar o telespectador em alguns momentos, e se perde na sua própria criação. O terror na casa assombrada se torna um espírito protetor, e uma assombração que nunca é vista, nem comentada, se torna uma justificativa para atrocidades já cometidas pelo protagonista masculino, antes mesmo de irem para a casa assombrada. Tentaram mesclar um terror assombroso com um relacionamento abusivo, mas quando ambos ficam superficiais e não são desenvolvidos, nada se resolve, não adianta adicionar dois gêneros em um único filme, se ambos não são bem trabalhados, cria uma bagunça desordenada e sem fim.


Em sua finalização corrida, o filme tenta, pelo seu ponto de vista, passar uma mensagem positiva, mas que claramente em outros olhares, se implica muito mais a uma justificativa para tais atrocidades, do que a um ato de justiça. “Vozes e Vultos” tem uma ideia interessante, mas nem sempre boas ideias significam um bom filme, e nem boas atuações salvam um péssimo roteiro.


1 Comment


Tatiana Pamponet
Tatiana Pamponet
May 17, 2021

Acho q não....😎

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Matinê Baiana

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