Review de "O Problema dos 3 Corpos"
- Helena Vilaboim
- Apr 15, 2024
- 3 min read
A série "O Problema dos 3 Corpos" (Three Body Problem) não é exatamente o que vêm à cabeça das pessoas quando pensam em ficção científica. Talvez porque nossa época não é muito associada ao gênero e muita gente não se dá conta dos avanços tecnológicos acontecendo neste exato momento.
É mais fácil lembrar dos filmes e séries futuristas, como é o caso de "Andor", dentro de todo o universo Star Wars, ou que se passam na era de grandes descobertas científicas no passado, como o filme "Os Aeronautas".
Mas em seu núcleo, "O Problema dos 3 Corpos" é exatamente uma narrativa de ficção científica nos dias atuais: atenuada para grandes audiências, mas que também não empolga por não entregar nada muito novo.
Originalmente baseada em uma série de livros chinesa do escritor Cixin Liu, a adaptação da Netflix de "O Problema dos 3 Corpos" é trazida para Londres e segue um grupo de cinco físicos dos mais promissores do mundo que, após a morte misteriosa de sua mentora, descobrem uma conspiração que envolve a morte de diversos cientistas ao redor do mundo e a vinda de misteriosos seres do espaço.
A série é contada inicialmente a partir de duas linhas temporais,
uma acontecendo na China Maoísta nos anos 70 e uma nos tempos atuais. A trama dos anos 70 segue a cientista Ye Wenjie (Rosalind Chao e Zine Tseng), que ao ser capturada pelos Guardas Vermelhos após o assassinato de seu pai, começa a trabalhar em um projeto secreto de comunicação interplanetária e o que começa toda a história.
Já a trama atual segue o grupo de Auggie (Eiza González), Saul (Jovan Adepo), Will (Alex Sharp), Jin (Jess Hong) e Jack (John Bradley), que tem que lidar om as consequências da vinda da raça alienígena "San Ti" para a terra, enquanto são guiados pelo detetive Da Shi (Benedict Wang).
O principal problema da trama é a rapidez com que tudo se passa. Com apenas 8 episódios de 50 minutos cada, o roteiro tem que se aliar à diálogos expositivos para situar o espectador constantemente em que pé da história o episódio está e pulando de um ponto na narrativa á outro, por vezes os personagens não parecem pessoas de verdade, apenas ferramentas para guiar a narrativa para frente.
Quem mais perde com isso é a personagem da atriz Eiza González, que vai de uma física altruísta e que quer desenvolver a ciência para ajudar as pessoas para alguém que facilita a transformações de nano fibras em uma arma letal, fazendo dezenas de vítimas.
Porém, nem tudo é perdido em "O Problema dos 3 Corpos". Assim como Andor e outros produtos audiovisuais que usam o gênero como um aviso, a série tem um pano de fundo muito interessante: a colocada dos seres humanos na perspectiva de vítima de um colonizador mais poderoso.
O fato é que a série traz uma questão muito importante para os dias atuais: a relação dos seres humanos com o planeta Terra. Mas em vez de abordar o tema como algo óbvio e muito na cara, a série decide por apontar a hipocrisia da raça humana: não movemos muito para cuidar do planeta quando éramos donos dele, mas agora com uma ameaça vindo, temos que protegê-lo com tudo que temos.
"O Problema dos 3 Corpos" não consegue competir com outras séries de ficção científica lançadas em outras plataformas mais ou menos no mesmo período de tempo, mesmo que mostre potencial. A série termina com o final aberto, e já teve sua segunda temporada confirmada pela Netflix. Com elenco de peso euma boa narrativa na manga, espera-se que eles aprendam com os erros dessa primeira temporada.
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