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"O Legado de Júpiter": Um Legado de Uma Temporada Só?

Updated: May 22, 2021


Poster oficial da Netflix para O Legado de Júpiter


Por: Helena Pamponet e Clara Ballena


Okay, O Legado de Júpiter (Jupiter’s Legacy) não é, na nossa opinião, tão ruim quanto outras críticas fazem parecer. O que não quer dizer que a série seja tecnicamente boa. Produzida pela Netflix, e criada por Steven S. Knight em 2021, a série é mais uma do gênero de Super Heróis e baseada nos quadrinhos de mesmo nome criados por Mark Millar e Frank Quitely.


É... mais uma numa longa série de profusão delas.


Mas calma que O Legado de Júpiter, porém, diferentemente de outras séries do mesmo gênero que estouraram mais ou menos na mesma época, apresenta uma temática mais otimista e clássica do gênero: o código de ética dos heróis que são essencialmente bons; e a luta deste código num mundo em que a vida é banalizada e a rota mais fácil é preferível do que a moral (Lembra alguma coisa?). Vimos até uma temática parecida em vários quadrinhos de grandes editoras como a DC Comics e a Marvel Comics, nas quais ambos autores de O Legado de Júpiter já trabalharam.


Pelo que pude notar, os problemas com a adaptação de O Legado de Júpiter são esses:

  1. A série tem somente 8 episódios de 40 minutos mais ou menos, e esse tempo é dividido entre duas timelines: uma na época da depressão de 1929 nos Estados Unidos, que mostra a origem dos heróis e suas motivações; e uma nos tempos atuais, em que o código está sendo questionado, e as coisas ficam mais difíceis; o que faz com que o telespectador passe pouco tempo nas duas.

2. E, consequentemente, os personagens não são desenvolvidos o suficiente para que estejamos devidamente investidos em sua jornada. Repare que eu não disse que eles são rasos em sua maioria, o que acontece é que simplesmente não há tempo para explorar algumas facetas de sua caracterização, pois estamos sempre sendo bombardeados com uma tela cheia de gente, além dos saltos temporais.


A série começa propondo uma ideia interessante: Um dos heróis mais famosos e poderosos da terra tem uma família, que ele está negligenciando em prol do salvamento da terra. E sendo que ele tem filhos, isso já cria um conflito interessante e interno. Mas isso é deixado de lado muito cedo, salvo pelos comentários da filha já crescida, que traumatizada pela ausência dos pais heróis, tem unicamente a função de lembrar aos espectadores que essa família não é tão saudável assim.


Os episódios possuem uma duração variada, que vai aumentando conforme a trama cresce. Com isso, os episódios iniciais, que são de extrema importância para não só conhecer os personagens (que são muitos) e a se importar e torcer por eles se tornam rasos e acelerados, e os episódios finais, onde tudo ocorre ao mesmo tempo, ainda por duas linhas temporais diferentes, dão uma sensação de falta, não dando espaço e tempo para admirarmos esses personagens que nem conhecemos.


Mesmo tendo diversos personagens, a trama principal da linha temporal do presente é o famoso "Código" apresentado desde o primeiro episódio. A repetição ao tema cansa, e diversos diálogos se tornam forçados e cansativos, em uma tentativa particularmente “mais fácil”, de inserir o tema. Alguns personagens destacados como “principais” possuem pouco tempo em tela, e sua jornada ao longo da temporada não cria, nem traz, alguma transformação ou conflito necessário para evoluir esses personagens. Segundo diversos manuais de roteiro, uma trama, principalmente seriada, necessita de um ponto de virada, um motivo para acompanharmos esse personagem, que de algum modo teve sua vida transformada ou arruinada, nos fazendo se interessar em seguir essa jornada junto com os personagens. Infelizmente, a série não traz isso e nem busca trazer em seu último episódio, trazendo um possível sentimento de “tempo perdido” ao finalizar a primeira temporada.



Os heróis Originais em 1929


Além disso, a história de origem é muito mais interessante do que os dias atuais. Ele foge do clássico “herói não é humano, nem teve contato com algo científico para ganhar seus poderes”. A jornada desse grupo é muito mais interna e humana: Comunicação e trabalho em grupo em prol de um objetivo comum e maior do que eles. Durante essa viagem, eles enfrentam perdas, têm que fazer sacrifícios, e superar traumas que nunca eram mencionados e tratados. O resultado é uma família unida e que tem uma boa dinâmica entre si.


Ah. Tem um grupo de criminosos que têm seus momentos de protagonismo, e sempre esperamos ter um confronto final com os mocinhos, mas a temporada toda não passa de uma apresentação extremamente longa para as motivações do líder de tal grupo, e uma ligação forte a um vilão que não passa de uma pista falsa, mesmo depois de muito tempo investido nele. É melhor vocês saberem logo.


O que estamos dizendo é isso: O Legado de Júpiter poderia ter sido uma série boa que quebrasse alguns paradigmas colocados no gênero no momento do lançamento, mas ele cai em clichês (vários, por sinal...) que deixam a audiência entediada, frustrada e insatisfeita, além de se empolgar com os próprios recursos que enchem tanto o espectador de informação que ninguém sabe onde depositar sua atenção.


No final, a série é divertida para maratonar com os amigos ou família numa sentada descontraída e não esperando muito da produção, mas é confusa e infelizmente deixa uma mensagem de trabalho em equipe e que ainda vale apostar num código moral (que nos parece muito importante nos dias de hoje) escorra pelos dedos, o que é uma pena.


Não sabemos se O Legado de Júpiter vai ter outra temporada, devido às críticas que estava recebendo, mas nós, pessoalmente, estávamos investidas na mensagem e gostaríamos que os produtores levassem os comentários dos fãs em consideração caso eles tenham a oportunidade de organizar a baguncinha que a primeira temporada deixou.

2 תגובות


Tatiana Pamponet
Tatiana Pamponet
22 במאי 2021

Não me animou quando vi apenas a sinopse....

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Kira Pamponet
Kira Pamponet
21 במאי 2021

Muito bom!!! Descreveu exatamente o que eu senti, embora não tenha assistido a série por completo. Fiquei desmotivada para dar continuidade, achei exatamente isso, muitos clichês, faltou algo que me envolvesse mais como telespectadora.

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Matinê Baiana

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