"O Colecionador De Ossos": Um Thriller Que falta Alicerce
- Helena Vilaboim
- Jul 19, 2022
- 3 min read
Depois da entrada de "Seven: Os Crimes Capitais" para a longa lista de thrillers que mudaram uma época, vários outros filmes seguiram tentando alcançar o mesmo tipo de atenção e encapsular o mesmo tipo de sentimento. Poucos conseguiram chegar perto, e embora isso possa parecer negativo, o final dos anos 90 foi marcado por muitos filmes de serial killers que são bons à sua maneira .

"O Colecionador de Ossos" (The Bone Collector) é certamente um desses. Dirigido por Phillip Noyce e escrito por Jeffrey Deaver e Jeremy Iacone, o longa conta com 2 horas de duração, e está disponível nas plataformas Claro Video e Now, mas pode ser encontrado também para alugar na Prime Video, Apple TV e Google Play.
A narrativa, baseada no livro homônimo escrito por Jeffrey Deaver, segue o Detetive Lincoln Rhyme (Denzel Washington), um policial genial da polícia de Nova York que por causa de um acidente de trabalho, acaba ficando paraplégico. Quando o lendário colecionador de ossos volta a matar, Rhyme é forçado a voltar à ativa com a ajuda de uma jovem policial, Amelia (Angelina Jolie), com talento para perícia criminal.
Com a premissa simples, "O Colecionador de Ossos" se apoia basicamente em performances maravilhosas, e na dinâmica entre os personagens. Denzel Washington dá um show no filme, com sua mobilidade severamente comprometida, o ator entrega suas falas naturalmente, apoiado de uma expressividade de mestre de seu rosto.

Infelizmente, essa caracterização do personagem o coloca numa posição interessante, mas de desvantagem durante a narrativa. Se por um lado Rhyme tem uma trama individual e uma backstory que choca, por outro o fato de o personagem ser paraplégico o coloca numa posição muito passiva, o que nunca é bom para um protagonista.
Em adição a isso, ou talvez em compensação, lhe é dado uma mente extremamente afiada, capaz de fazer conexões brilhantes, mas que beiram o irreal ou implausível. Isso também é um detalhe interessante, mas que danifica a narrativa, uma vez que não leva o passo a passo da investigação à audiência, que fica só assistindo desengajada.

Quanto à Jolie, esse certamente é um de seus projetos menos conhecidos, mas a performance da atriz é muito boa, ainda desligada da imagem de "sex symbol" que seus futuros personagens conquistaram, Jolie entrega uma personagem muito mais realista, com trejeitos mais naturais e sem tanta pressão, e por isso fácil de encantar os espectadores.
A dinâmica entre os personagens de Jolie e Washington é intrigante, mas infelizmente o filme joga também uma pitada de romance na relação dos dois que, embora não seja algo que distraia a narrativa, é talvez um overkill numa dinâmica de mentor e pupilo já interessante.

"O Colecionador de Ossos" é um daqueles filmes que, apesar de esconder o assassino muito bem da audiência, a revelação final não é tão impactante quanto poderia ser, e a emoção do jogo de gato e rato fica em sua maioria na parte intelectual da trama.

Quando se trata de uso de violência, o longa usa e abusa do método de sugestão. Enquanto a violência não é explícita, Noyce trabalha muito bem em induzir nossas imaginações a pensar no pior resultado, que é entregue logo. As cenas de crime são impactantes, o que se estende também aos cadáveres, muito bem feitos.
Em conclusão, "O Colecionador de Ossos" é um filme thriller interessante de se assistir, mas que tem falhas em setores que deveriam ser os alicerces de uma boa história de mistério. O que salva o filme é com certeza o trabalho do elenco, que vale a pena assistir.
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