"Meu Pai": Um Drama sobre o envelhecimento
- Helena Vilaboim
- Jul 22, 2021
- 2 min read
“Meu Pai” (The Father) é um filme lançado em 2020, tendo uma hora e meia de duração e um elenco maravilhoso, é uma das produções com a capacidade de quebrar o coração do espectador do início ao fim. O filme, dirigido e co-escrito por Forian Zeller, é uma obra prima em todos os aspectos que envolvem o cinema.

O filme segue Anthony (Anthony Hopkins), um senhor com idade avançada e que sofre de demência, durante um período em que a doença se desenvolve, e ele passa a questionar as relações com sua filha, seu espaço e sua própria realidade.
O elenco é maravilhosamente pesado, com nomes como Olivia Colman, Mark Gatiss, Rufus Sewell, Olivia Williams e Imogen Poots, além do maravilhoso Sir Anthony Hopkins. Todas as performances aqui estão estonteantes e muitas vezes arrancam o fôlego da audiência sem aviso prévio, o que não só complementa o talento desses atores, mas também a sensibilidade das lentes dirigidas por Zeller, que extraem o máximo da força emocional na cena.

O roteiro, de Christopher Hampton e Florian Zeller, é uma adaptação da peça homônima também de autoria de Zeller, que estreou pela primeira vez na França em 2012. Deixando muita coisa para ser dita pela produção física do filme, como as performances e a construção dos cenários, o roteiro constrói toda uma aura de tensão e jogos de poder com os diálogos minunciosamente escolhidos. Aqui tudo está no lugar certo.
Com um elenco pequeno, e com a narrativa se passando em pouquíssimos espaços, “Meu Pai” é um longa que brinca com mudanças sutis e perturbadoras, partindo do ponto de vista de Anthony a todo instante. É incrível como mudanças na cor das paredes e estilos dos móveis causam uma sensação de desnorteamento, manipulando a audiência a experimentar a visão do protagonista e empatizar com ela.
Símbolos e analogias também são construídos de maneira cuidadosa pela direção detalhista de Zeller ao longo do filme, como a constante preocupação de Anthony com o relógio que parece sempre estar fugindo dele, ou cenas em que as cores das roupas dos personagens ou espaços em que eles ocupam revelam seu estado emocional.

“Meu Pai” não é um filme alegre, e não traz alívio em momento nenhum da narrativa, permitindo que quem o assiste permaneça um pouco de tempo a mais na realidade assustadora apresentada, que é crua, amarga e real.
Por trás da trilha sonora, o compositor Ludovico Einaudi, conhecido por seus arranjos introspectivos e intensos ele não deixa a desejar com seu trabalho aqui. Suas composições são confusas, emotivas e caóticas, que juntamente com a direção e o roteiro, transportam quem assiste para a mente danificada de Anthony.
O longa é um drama pesado e denso, que mereceu muito todas as indicações aos prêmios que recebeu, incluindo os dois óscares por “Melhor Roteiro Adaptado” e “Melhor Ator”. O filme está disponível nas plataformas Google Play e ITunes, além de na Plataforma Belas Artes à La Carte.
Qual a sua opinião sobre o filme? É um longa que você assistiria novamente?
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