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“Halloween Kills”: a continuação sádica e visceral de Michael Myers

Desde o seu início em 1978, a saga Halloween, criada pela brilhante mente de John Carpenter, acompanha Laurie Strode, personagem da Jamie Lee Curtis, uma mulher aterrorizada pelo maníaco da máscara branca, Michael Myers. Com um salto no tempo, 40 anos depois, voltamos com Michael junto ao seu médico, agora fugitivos do centro psiquiátrico, para o reencontro com a Laurie e finalmente concluir a sua matança contra a sobrevivente do massacre passado. Vale lembrar que essa produção ignora todas as continuações do filme que foram produzidas nos anos 80 e 90, sendo a continuação direta do filme de 2018, se passando inteiramente na mesma noite de Halloween, onde Laurie acredita que enfim venceu.


Nessa continuação, agora pelo comando de David Gordon Green, minutos depois de deixar o “bicho-papão” queimando, Laurie vai direto para o hospital com ferimentos graves. Então, acabamos descobrindo que Michael consegue escapar da armadilha de Laurie, e sua vingança e desejo por um banho de sangue continua. O tom do filme já revelado em uma cena chocante com um corpo de bombeiros, a criatividade nos planos e o cuidado plástico no visual é algo que marca e referencia a saga. Enquanto Laurie enfrenta a dor física e psicológica, ela tem que se preparar mais uma vez para se defender de Michael e consegue fazer toda a cidade de Haddonfield se juntar para lutar e garantir o fim do monstro que se torna “mais imortal” a cada filme.


O longa trata muito mais sobre os impactos das chacinas causadas pelo assassino da máscara branca sob a cidade do que o ponto de vista da Laurie. É um filme que trata sobre remorso e picos de insanidade da população, revelando um senso de justiça estilizado que desencadeia a monstruosidade dos moradores. Flashbacks e o estilo clássico de montagem, uso de zooms, desfoques, trazem um ar nostálgico e de referência ao projeto.


O triunfo de "Halloween Kills" não surge exatamente num formato inovador de narrativa slasher, não tem para onde ir. Contudo, esse é, facilmente, o mais horrível dos filmes de Halloween, já que se apoia mais no gore e carnificina do que os outros filmes da saga, algo que é até incomum no cinema blockbuster hoje em dia - e isso quer dizer alguma coisa. Esse estilo dentro do subgênero é bem desenvolvido e dirigido, trazendo um refinamento às mortes e dando suporte à monstruosidade do Michael Myers. A direção do David Gordon Green é autoconsciente e, apesar de algumas decisões fúteis, traz algo que o Halloween de 1978 fez: cada morte é distinta e permanece na psique. Um serial killer cafona que mata de forma prática e sádica. Você vai se lembrar desses baldes de derramamento de sangue por algum tempo.


Apesar de se sustentar bem com a sua icônica composição musical - inclusive assinada pelo John Carpenter - a falta de clímax é um problema muito presente e dificulta o ritmo da narrativa. O longa nada mais é do que um meio para um final. Há momentos do filme que não passam de corridas gratuitas e enfrentamentos inconsequentes. E reforça, de fato, tudo o que você quer de um filme de Halloween: jump-scares e decisões bobas de personagens, tipo “não atire na cabeça dele!”, - situações que se tornaram emblemáticas desta franquia.


Com o anúncio recente do “Halloween Ends” para o ano de 2023, muita expectativa é criada. A Blumhouse, empresa detentora dos direitos da franquia, já aposta em mais continuações e talvez a descentralização da personagem da Jamie Lee Curtis nesse filme esteja explicada. Os danos psíquicos causados pelo Michael à Haddonfield seriam pautados para uma possível sequência com outros serial killers? Talvez. Eu estaria lá para acompanhar isso.


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Matinê Baiana

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