Crítica: Um lugar silencioso - Parte II
- Clara Ballena
- Jul 22, 2021
- 3 min read
Quando foi anunciado o lançamento do filme “Um lugar silencioso - Parte I”, muito se questionou a capacidade de John Krasinski em escrever e dirigir uma trama de suspense, sobretudo por ser reconhecido em papéis de comédia, entre eles a série “The Office”. “Um lugar silencioso - Parte I” foi lançado, e com críticas extremamente positivas. O desafio de alcançar a magnitude da primeira obra poderia prejudicar a narrativa do segundo filme. Com atrasos no lançamento devido a pandemia, “Um lugar silencioso - Parte II” prova, mais uma vez, a destreza e capacidade de John de escrever e dirigir uma obra de suspense, mostrando uma propriedade narrativa que não supera seu primeiro filme, mas se torna tão boa quanto seu antecessor.

O filme não inicia exatamente após os acontecimentos do primeiro filme. Somos apresentados inicialmente ao chamado “Dia 1”, data em que o começo de tudo aconteceu, com a chegada de seres até então desconhecidos, com aparência extraterrestre, sem nenhum propósito além de matar o que vê pela frente. Acompanhamos então os desafios iniciais e eletrizantes da família Abbott, no meio de um caos que não demora para se iniciar. As cenas de tensão misturadas com a presença marcante da sonoplastia e mixagem de som, característica retomada com proeza do primeiro filme, criam um ambiente que impossibilita ao telespectador de não sentir qualquer forma de tensão, mesmo sabendo do rumo de certos personagens ao assistir ao primeiro filme.
Com uma introdução brilhante, retomamos aos tempos atuais da trama, parando exatamente onde o primeiro filme finaliza: Evelyn Abbott (Emily Blunt), sua filha Regan (Millicent Simmonds) e seu filho Marcus (Noah Jupe), devem lidar com o luto, após a morte do marido e pai, Lee Abbott (John Krasinski), enquanto buscam por um novo local de sobrevivência, dessa vez ainda contando com o novo integrante da família recém-nascido. Há também a chegada de um novo personagem: Emmett (Cillian Murphy), que acrescenta na trama devido a ausência paterna deixada pela morte de Lee, sendo um guia principalmente para a personagem Regan, que tem um destaque ainda maior nesse segundo filme.

As atuações de todos os personagens são espetaculares, a expressividade de sentimentos como medo e angústia são passados para fora das telas, fazendo o telespectador sentir os mesmo sentimentos, além de se preocupar com o destino deles, tornando as cenas de perseguições e tensões mais ameaçadoras e preocupantes aos olhos do público. Os efeitos visuais das figuras monstruosas são excelentes, trazendo naturalidade à movimentação animalesca deles.
O filme nos encanta e atormenta novamente com sua sonoridade, e falo novamente dele devido a sua relevância ao filme, além de ser o seu diferencial e tema principal da narrativa.
O som está presente a todo o instante, seja no silêncio, na intensidade de como os objetos em cena e caminhadas são acentuadas, a trilha melódica que não invade nem assusta, complementando e demonstrando mais uma vez a importância do som, e de sua relevância para se criar momentos de suspense. Esse trabalho é novamente muito bem feito, sendo uma peça central para admirar ainda mais a obra.
Aos fãs da primeira parte, não faltarão excelentes cenas para desfrutar novamente do universo criado, acredito até, pelo modo como o filme se finaliza, que não devem demorar para anunciar a parte III, se tornando uma trilogia. Aos fãs de suspense, é um ótimo filme, que tem seus momentos de susto, mas que se sustenta muito mais na tensão. É uma obra que se satisfaz no seu meio, retomando uma boa narrativa que ainda deixa perguntas para serem desenvolvidas.
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