Crítica: "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura"
- Clara Ballena
- May 5, 2022
- 4 min read
Prepara-se para uma jornada inesquecível. Seja você fã há muitos anos do universo MCU (Marvel Cinematic Universe) ou um telespectador que não assistiu aos filmes anteriores (e atualmente, séries do mesmo universo). Aqui, fica claro um diferencial marcante que distingue este de todos os outros conteúdos produzidos pela empresa: A direção estonteante de Sam Raimi e as incríveis atuações de Benedict Cumberbatch e Elizabeth Olsen, desbancando até mesmo um roteiro mediano.

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (Doctor Strange in the Multiverse of Madness) estreou nas salas de cinema de todo o Brasil hoje (05/05/2022) com duração de 2h6min. O filme retoma a história de Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) após protagonizar os eventos ocorridos em Vingadores: Endgame (2019) e Homem-Aranha: Longe de Casa (2021).
Após ser evaporado pela manopla do infinito e ter perdido o manto de mago supremo, Strange deve lidar com sua nova realidade. Mas quando uma misteriosa garota chamada America Chavez (Xochitl Gomez), com a habilidade de viajar pelo multiverso, chega ao seu encalço devido a uma força maior que tenta tomar o seu poder, Stephen deve fazer de tudo para proteger o seu mundo, e os outros, embarcando em uma louca jornada pelos infinitos multiversos.
Não espere uma introdução nos primeiros minutos de filme, pois ele do começo ao fim guia o público em uma trilha eletrizante em que a única coisa que resta é confiar no que o filme propõe. A claro, momentos de diálogos, conversas entre personagens em momentos de pausa das batalhas e perseguições em que conseguimos conhecer um pouco mais sobre os personagens e principalmente, desse multiverso, introduzido pela empresa em séries como Loki (2021) e What If… (2021). Apesar da introdução prévia em outros conteúdos, o roteiro ainda mastiga o conceito do multiverso para o público majoritário, mas não perde tempo para iniciar sua narrativa.

O filme de gênero aventura se permite pelas brilhantes mãos do seu diretor, a brincar com elementos do terror de maneira marcante. Tendo momentos de jumpscare, cenas dignas de um filme de horror. Nada ultrapassa os limites da faixa etária, mas com certeza amadurece o público a entrever uma nova visão dessa fórmula, e que é possível sim manter sua essência, mas renovar com seu meio. E como este meio é gratificante.
A direção sabe muito bem o que está fazendo, e entrega momentos memoráveis que serão difíceis de serem esquecidos. Seja pelo jogo de câmeras que se move fluidamente por cenas de luta muito bem coreografadas e dinâmicas, ou pela criatividade em inserir ela em lugares adversos, provando uma criatividade do diretor em achar planos fora do comum, fica claro que o trabalho cuidadoso do talentoso Sam Raimi é, dentre tantos adjetivos para elogiá-lo, épico.
A edição também se move a par dessa direção, realizando mesclagens de cenas de forma única e espetacular. Os realizadores entendem que ao adentrar o multiverso, há infinitas possibilidades. Eles a abraçam, trazendo o máximo de sua criatividade para entregar um conteúdo fora do comum, sem medo ou preguiçoso.
As atuações são dinâmicas, divertidas e tenebrosas. Benedict Cumberbatch conhece bem seu personagem, e não perde seu protagonismo que se divide em tempo de tela com Elizabeth Olsen, que está no ápice de sua personagem. Os dois coexistem de maneira positiva, mas fica claro pelo papel que a Feiticeira Escarlate desempenha no filme, que ela possui um grande destaque, afinal, é a que mais se modificou em relação a Wanda que conhecemos em Vingadores: Era de Ultron (2015) e que nos aprofundamos em Wandavision (2021).

Xochitl Gomez também não fica para trás. Atuando ao lado de atores de peso, ela cumpre o seu papel e garante um carisma para sua personagem conhecida pelos leitores dos quadrinhos, mas nova no universo fílmico. A introdução da personagem condiz com a proposta do filme, resta saber como será sua evolução neste universo.
Por viajar em infinitas possibilidades, obviamente a Marvel não perderia a oportunidade de trazer Cameos que fazem o público levantar da cadeira e gritar de felicidade. São homenagens aos quadrinhos e as suas origens que servem para agradar a este público, como também a movimentar a narrativa, sendo sim, as vezes expositivo, para gerar comoção pública, mas também memoráveis, com cenas jamais vistas nesse universo que prendem o ar da audiência e surpreende até mesmo os céticos que acreditam que a Marvel nunca irá se desprender da sua fórmula.
O roteiro parece seguir o que foi apresentado em Homem-Aranha: Longe de Casa, mas, diferente deste, consegue ter menos erros grotescos escondidos por forças maiores (Fanservice). Não é brilhante, mas também não se perde, sendo salvo por todos os outros elementos destacados acima que conseguem com proeza trabalhar com um roteiro ameno, que compre o seu papel mas assume para a audiência que existem coisas que somente podemos aceitar para conseguir fluir com a narrativa e vivenciar o maravilhoso universo proposto pela direção.

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é uma eletrizante jornada épica ao universo que já conhecemos, que propõe sem medo a trazer uma nova perspectiva a sua fórmula conhecida e batida dos últimos 10 anos. É um agrado de felicidade aos fãs e apreciadores da Marvel, podendo alegrar até mesmo um público desesperançoso com novidades neste universo cinematográfico. O longa abre portas para novas possibilidades que, se continuar o trabalho de se diferenciar e propor novos elementos, será lindo e gratificante de acompanhar.
*O filme contém duas cenas pós créditos. A primeira importante para os próximos desenrolares das aventuras do Doutor Estranho, e a segunda sendo uma piada para aqueles que ficam até o final dos créditos. Resta saber se a curiosidade é maior para se manter até o fim nas salas de cinema.
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