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Crítica - "Avatar: O caminho da água”

Um fato inegável: James Cameron é um excelente contador visual, isso não há dúvidas. Agora, um excelente narrador, isso já é outra história.


Após 13 anos do lançamento de seu primeiro filme, retornamos ao universo fantasioso de Pandora. Agora, acompanhamos a família formada por Jake (Sam Worthington) e Neytiri (Zoë Saldaña) em uma nova aventura contra as mesmas forças antagonistas do primeiro filme (sendo literalmente o mesmo antagonista, ressuscitado estilo Deus ex-machina).


Ter a experiência de assistir ao longa em uma sala de cinema já vale cada centavo, em uma sala IMAX então, preparada para receber a um filme desse porte, se torna uma experiência audiovisual completa e magnífica, capaz de encantar a cada imagem e impressionar com o resultado tecnológico que mais uma vez James Cameron emplaca. A água, considerada como um dos elementos mais difíceis de serem produzidos tanto em animações como em CGI, é feita com tanta naturalidade, que chega a diversos momentos nos enganar que aquele universo não é real.


O detalhamento e cuidado de cada expressão, linhas e pelos corporais que se modificam a cada ambiente só comprova uma das principais falhas da modernidade atual: O aceleramento de uma produção, a necessidade de um resultado rápido.

Avatar: “O caminho da água” prova que para se criar uma produção detalhada, bem trabalhada e elaborada, custa tempo e dedicação.


Mas infelizmente, a dedicação ao visual não se iguala à narrativa. O diretor sabe coordenar bem seus atores, construir universos divinos e desenvolver cenas de ação e tensão muito bem trabalhadas e coreografadas, deixando o telespectador no vislumbre de tudo o que ocorre sem perder o dinamismo necessário. Mas quando analisamos a jornada narrativa, que parece não saber se o que mais importa são os personagens ou a história, e dedica seu tempo de tela ao visual ao invés de crescer narrativamente, deixa a desejar.


Quando isso é percebido ao longo das 3 horas e 10 minutos de duração do filme, pode-se ter visto o visual mais lindo produzido na história do cinema, mas no final, ao sair da sala de cinema, a história revisitada na nossa memória se torna um festival visual, e não narrativo.


Logicamente não é como se a história fosse terrivelmente ruim, ou cheia de defeitos. James Cameron sabe construir o seu gênero melodramático da melhor forma, e continua a impactar o telespectador. Mas os tempos mudaram, narrativas clássicas deixaram de ser o centro das atenções, e de tantas produções gêmeas, o público se cansa rapidamente quando elementos essenciais para uma história são deixados em segundo plano, e que a verossimilhança é jogada fora não pelo elementos fantasiosos, mas sim pela construção interna que aprofunda o belo visual, mas é raso em sua construção narrativa.


Porém, dentre tantas produções que assim como o longa, tomam para si as salas de cinema, Avatar ainda representa um saudoso blockbuster que se preocupa com sua realização artística, e com certeza não deixa de impactar pelo seu visual e mensagem ambientalista que o diretor prega ao longo dos anos.


Avatar será sempre reconhecido na história pelo seu impacto visual, e este filme entra na lista como mais uma prova desse feito. As horas podem ser longas, mas são um deleite visual que é preciso ver em uma sala de cinema. É aquele filme de se carregar na memória, saudoso, visualmente belo e que consegue, em alguns momentos, emplacar o emocional na audiência. Resta saber como os próximos filmes construirão o que foi contemplado nesse, e se o nível narrativo será aprimorado do mesmo modo que sua tecnologia deslumbrante (particularmente, espero que sim).

Pss: Abaixo, segue algumas imagens do diretor nos bastidores do filme:





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Matinê Baiana

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