"Coringa: Delírio a Dois" - Uma perda de tempo confusa
- Helena Vilaboim
- Oct 3, 2024
- 2 min read
Após o sucesso estrondoso de "Coringa" em 2019. o diretor Todd Philips retorna ao submundo de Gotham com a continuação "Coringa: Delírio a Dois" (Joker: Folie à Deux). E embora todo o pacote de marketing seja muito bem feito, "Coringa 2" é um filme sem substância e que se perde nos pontos que queria propor.
O filme segue Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), cumprindo prisão preventiva enquanto espera o julgamento de dos assassinatos cometidos por ele no filme anterior. Abusado pelos guardas brutalizados de Arkham, o personagem tenta conciliar as personalidades "Arthur Fleck" e "Coringa", essa trazida à tona novamente por Lee Quinzel (Lady Gaga).
Todd Philips continua com a trend que começou com o primeiro filme, montando "Delírio a Dois" como um musical de tribunal, uma alusão clara à "Chicago", de 2002, do diretor Rob Marshall. No entanto, os números musicais em Coringa 2 são tão frequentes e dolorosamente redundantes que a audiência fica rapidamente cansada e sem paciência.
O maior problema do filme, no entanto, é a falta de coragem e a fraqueza do roteiro em reforçar os temas que ele próprio tenta compartilhar com os espectadores. Coringa 2 tenta falar várias vezes sobre a brutalidade da polícia no sistema carcerário, negligência estatal e espetacularização do crime, mas nenhum desses argumentos têm força o suficiente para penetrar na mente do espectador.
O próprio Arthur Fleck fica nesse vai e vêm, enfraquecido pela dicotomia do sistema no que foi forçado, dessa vez desprovido do status de símbolo de uma aparente revolução, que alcançou no primeiro filme e tornado homem e responsável - pelo menos de forma parcial - por sua monstruosidade.
Lady Gaga é severamente sub-utilizada durante Coringa 2. Uma substituta da personagem Arlequina, Lee toma forma dos fãs do Coringa, dentro e fora do universo criado por Todd Philips. Ela manipula o protagonsta, interessada somente na persona psicótica do Coringa, mas quando o sentimento de Arthur por ela faz com que ele se humanize, ela perde o interesse.
Apesar de a performance de Gaga ser tão forte quanto a de Phoenix, a interpretação da personagem nunca é 100% natural. O mais absurdo é que a atriz, dona de uma voz poderosa, limita sua capacidade vocal em quase todos as músicas.
O que sobre de Coringa 2 é um filme visualmente bonito, mas preocupado demais em recriar o sucesso do primeiro, dessa vez sem conseguir se apoiar na surpresa da audiência. É um filme vazio, que não sai do lugar, e o pior de tudo: enfraquece a experiência do primeiro ao voltar atrás em vários pontos já estabelecidos.
Ficha técnica de Coringa 2:
Direção: Todd Philips
Roteiro: Todd Philips e Scott Silver
Elenco: Joaquin Phoenix, Lady Gaga, Catherine Keener, Brendan Gleeson,...
Duração:
Plataforma: Cinemas.
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